domingo, 25 de outubro de 2009

Integridade

O silêncio não significa cegueira. A filosofia do Direito é baseada num tripé:
Viver honestamente; a ninguém prejudicar e dar a cada um o que é seu.
Futuro administrador:
- A ação sempre fala mais alto. Por isso, agir com integridade é nosso dever. E, sabemos, isso não deve ser um monopólio de administradores. É um patrimônio das pessoas de bem.
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texto: paulo moreira
imagem: Igor L - toronto - canadá
Dica para alunos que desejam ou precisam rever a matéria dada no módulo anterior, inclusive com questões que caíram na prova e gabaritos:

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

pessoas, passarinhos e anjos

Existem duas maneiras de podermos ouvir o canto de um pássaro todos os dias, o tempo todo:
Uma é ter árvores, flores, plantas diversas ao redor de nossa casa. É vibrar com a lenta aproximação da luz e dos piados tímidos que anunciam a chegada do novo dia, evoluindo para uma algazarra que festeja a vida e a liberdade. Sorrir por, talvez, não possuirmos um lugar assim mas, sermos agraciados com a visão de seu voo livre e, mesmo ao longe, poder ouvir seu trinado. Ter a consciência que Um Ser Maior enviou "chaveirinhos" de anjos para nos alegrar o espírito. Alegria de amar por amar e nada mais.
A outra consiste em invadirmos algum lugar assim e, sordidamente, prepararmos armadilhas para que o ingênuo passarinho caia numa delas. Ou, quem sabe, numa inequívoca demonstração de poder, já o compremos escravo. A alegação é amar o bichinho; proteger-lhe dos predadores ou fazer supor que, uma vez escravo, em liberdade seria uma inútil vítima nas mãos de outros piores que nós mesmos. E ainda mais egoístas. Prova de amor é ter um canto só para si. Em troca, algum alimento. Ora, por favor...
Se lhe furarmos os olhos, é provável que seu canto torne-se ainda melhor aos nossos "apurados" ouvidos. Sim, os melhores cantos são os cantos da tristeza sem fim, da dor que apunhala e do desespero sombrio. A música que mais fundo deveria tocar a alma é suave doçura aos ouvidos dos que nem a própria consciência escutam. Dar fio à lâmina do egoísmo. Aviltar uma criaturinha cujo mal maior foi ter nascido para voar, cantar e ensinar a felicidade de ser livre.
É o não amar.
Na primeira hipótese, teremos o gorjeio alegre daquele que nos visita diariamente com o intuito de ter a certeza do alimento e da paz. Daquele que nos dá seu melhor trinado como brinde a um querer bem infinito. O presente sem preço de sua graça e agilidade. Um bilhete de Deus, transcrito em notas musicais e movimentos de asinhas de minúsculos grandes anjos.
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Existem duas maneiras de podermos ouvir o canto de um coração todos os dias, o tempo todo:
Uma é ter amor, plantar sorrisos, alegrias e esperança dentro de alguém. Sorrir por cultivar a compreensão; por tentar tornar esse coração mais pleno; feliz por poder amar sem ser dono de absolutamente nada e, paradoxalmente, possuir tudo. Uma eterna criança, desprovida de qualquer maldade, brincando com seu trabalho e todos que o cercam. Emocionar-se ao sentir a felicidade das inocências. Poder entregar seu corpo e seu ser com a mesma espontaneidade e a alegria com que recebe; como o melhor presente do mundo.
A outra é, tal qual as armadilhas da mata, criar vínculos que surgem da carência de amor. Usar a sedução advinda da facilidade de criar ilusões em corações menos previdentes e, com ela, construir as gaiolas da dependência; as prisões da necessidade de carinho. Manipular a paixão como ferramenta de domínio e a mínima atenção como migalhas de uma arapuca. Fazer com que a sede de amar e ser amado seja o eterno cativeiro do outro.
Furar os olhos dos sentimentos de alguém para ouvir o canto lamento que sai das suas imaginárias cordas vocais, nas notas de suas atitudes cegas. Feliz pela certeza de que a canção do pássaro na gaiola ecoa agora dentro de um coração humano. Exigir a música triste das notas de um piano perfeito, tocada por mãos mutiladas pelo desencanto de tanto acenar adeus. Deixar as cicatrizes do desencanto tomarem conta do rosto - um dia tão lindo - de quem apenas quis ser feliz. Provocar, pela inconsequência, o passeio daquele que só queria voar e cantar para a vida, pelos arcabouços do próprio pensamento - embotado pelas culpas do que não produziu sozinho. Pretender ser hoje o guia seguro que deveria ter sido no passado e ter a ousadia de chamar isso de amor. Confundir compaixão com a manutenção da cela limpa.
Na primeira alternativa, teremos o mundo de mãos dadas. O prazer pela vida estampado nas pessoas. O verdadeiro querer bem dos olhares sinceros e da segurança que advém de nos sabermos queridos e de lutarmos por isso. Optar pelos caminhos que quisermos percorrer juntos e os horizontes que vierem, serem sempre bem vindos. Amar verdadeiramente e sem máscaras ou limites. Lembrar sempre que grades comuns não conseguem deter os anjos.
Abrir a janela e enxergar um beija-flor seduzindo sem cerimônias a nossa flor, sem saber quem é o imitador: nós ou ele. Mais um bilhetinho.
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texto: paulo moreira
imagem: internet

domingo, 18 de outubro de 2009

lentes na escuridão

Acordou e não conseguiu tão rápido cair em si. O sonho houvera sido muito marcante e ainda levava consigo as sensações dele. Sonho de beijos molhados e rostos desconhecidos; na seqüência, ruas vazias e a névoa de uma noite de abandono.
Apalpou ao lado procurando os óculos, enquanto os pés procuravam os chinelos. Encontrou-os pela automação diária dos hábitos. Levantou-se e tateou até o interruptor. A luz repentina invadiu os olhos que arderam. Resolveu não acender mais nenhuma e ficou arrastando-se pela casa. Com a mente não atinando em nada, tropeçou no tapete. Tropeços são parte da vida.
Na escuridão da sala tentava pensar em algo, mas estranhamente nada surgia para poder pensar. Ainda estava sob a emoção do sonho, do qual só trazia resquícios de sensações procurando a lógica da letargia. Nada. No sofá, apenas vultos dos móveis e um silêncio desafiador. Madrugada.
Sem fome, passou pela cozinha indiferente e andou feito um zumbi pela casa. Foi e voltou várias vezes. A mente ainda vazia. Só restava voltar para o quarto e continuar o sono.
Entrou, apagou a luz e deitou-se na cama. Não havia tirado os óculos e só ao virar-se para o lado sorriu do detalhe bobo. Sentiu-se idiota ao tirá-lo e recolocá-lo umas três vezes para comprovar o óbvio. No escuro total do quarto não fazia a menor diferença tê-lo ou não.
As lentes não eram menos lentes, nem seus olhos menos míopes. Assim como o armário, o quadro e a janela eram os mesmos. Pensou na tolice que lhe guiava os sentidos e sentiu-se como um nenê pensando diante do chocalho no berço. Na escuridão total, nada faz diferença.
Passou pela cabeça o nome daquela pessoa e, susto maior, nenhuma imagem surgiu. Imaginava sempre as noites que passaram juntos e das quais trazia as lembranças que, hoje em especial, teimavam em não surgir.
Deu-se conta dos tempos que ali passara e, sempre que fechava os olhos, vislumbrava as cenas do que fora amor. Noites agitadas em que acordava com o corpo chamando por esse alguém; em que as próprias mãos passeavam pelo corpo inquieto, como fossem capazes de trazer a presença de um dia. Dos beijos dados no próprio braço, tentando reproduzir o calor daquele corpo, ficava a desilusão da ausência.
Tinha amado como ninguém jamais ousara. Houvera abandonado tudo em razão da luz daquele amor. Abandonara, talvez, a própria vida em direção a ela. Dos momentos, sentia a falta; desde cada beijo ou carinho trocado, até o fundo da alma cicatrizada pela distância muita e o desprezo mudo.
Até então, bastava fechar os olhos e pensar naquele amor, para que no escuro e na solidão de seu quarto surgissem aquelas paisagens iluminadas de lindas cenas indecentes. Vinham os planos a dois, as conversas trocadas, as esperanças. A vida tornava-se luz.
Mas, naquela noite não era mais assim.
Sabia que, a partir dela tudo estaria ali, a exemplo de seus armários, janelas e objetos. Embora ali estivessem - seus olhos, suas lentes e o resto do quarto não seriam suficientes para resistir à ausência de uma nesga de luz que fosse. Era impossível enxergar alguma coisa.
Lembrou-se de ter dito um dia que a ausência da pessoa amada fazia sua vida tornar-se noite. Tinha razão. Dezenas de anos e milhares de dias haviam se tornado assim agora.
Só então caiu em si.
Na mesa de cabeceira faltava alguma coisa. Talvez, um porta-retratos imaginário, no qual diariamente admirava tantos anos de tanto amar. Mesmo que apalpasse, acendesse a luz ou colocasse os óculos, não o veria mais, qualquer que fosse o lugar. Revoltados conosco talvez, certos retratos tornam-se invisíveis. Intocáveis.
Seu coração foi retirando pouco a pouco, entre tantos desacertos e desencontros, esse alguém de dentro de si.
Não era necessário mais pensar. Era suficiente saber que, mesmo que poderosas lentes fossem implantadas em si, não mais enxergaria o amor que havia ficado em algum lugar do caminho, onde as estrelas cintilavam ou onde o sol nascia senhor da Terra. Sem fonte de luz, cegueira e lente são irmãs gêmeas.
Jogou fora os óculos do coração. Virou-se para o lado e dormiu diferente dos dias em que dormia para poder sonhar. Dormiu sem porquê; nem feliz, nem infeliz.
Dormiu para permitir que o dia amanhecesse.
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texto: paulo moreira
imagem: arquivo pessoal

domingo, 11 de outubro de 2009

Mulher!!!!!!!!!!!!!!!


Eu não sirvo de exemplo pra nada, mas, se você quer saber se isto é possivel, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. a imperfeita que faz tudo que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, do marido (se tiver), telefono sempre pra minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago , minhas contas, respondo as toneladas de emails, faço revisões no dentista, faço mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores pra casa, providencio os concertos domésticos, e ainda faço as unhas e depilação!

E entre uma coisa e outra leio livros!

Portanto, sou ocupada, não uma workholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi 2 coisas que operam Milagres:

1º a dizer NÂO

2º a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome, Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista o Culpa Zero.

Quando você nasceu nenhum profeta adentrou a sala da maternidadee lhe apontou o dedo dizendo que a partrir daquele momento você seria modelo pra ninguém.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram esta expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é humildemente uma mulher.

E se não aprender a delegar, a priorizar e se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter agenda lotada, não é ser politicamente correta,não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensavel. È ter tempo.

Tempo pra fazer nada.

Tempo pra fazer tudo.

Tempo pra bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo pra sumir dois dias com seu amor.

Tres dias...

Cinco dias.

Tempo para uma massagem.

Tempo pra ver novela.

Tempo pra receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo pra fazer um trabalho voluntário.

Tempo pra procurar um abajur novo pra o seu quarto.

Tempo pra conhecer outras pessoas.

Pra voltar a estudar.

Para engravidar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existencia não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, o que será que se destina?

Destina-se a ter tempo a favor e não contra.

A Mulher moderna anda muito antiga. Acredita que se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não sei o que pra não sei quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si...

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.

mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre pra ir e vir. Desde que lembre de separar algusn bons momentos da semana, para usufruir esta independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez tenha que esquecer a bolsa Pradao hotel decorado por Phillipe Starck,e o batom da M.A.C.

Mas, se você precisa vender sua alma ao diabo, para ter tudo isto, francamente, está precisando rever seu valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rustica abeira do mar e o rosto lava ( ok, esqueça o rosto lavado) poder ser prazeres cinco estrelase nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.


texto: Martha Medeiros Jornalista e escritora

retirado: Jornal O Globo.
imagem: internet



terça-feira, 6 de outubro de 2009

Números mágicos coloridos

- Cara, não é possível! Ela está nos tratando como se fôssemos a turma do prezinho... Não pode estar falando de matemática financeira! Está nos tratando feito crianças. Estou me sentindo um retardadinho.
E ela continuou sua primeira aula contando das coisas mais primárias da matemática, de filósofos, de coisas aparentemente fora do mundo. Não aguentei e disse, cheio de ironia, ao professor local:
- Tio Valdir, acho que "suzei a faldinha".
O Valdir riu e, aos poucos, toda a petizada estava bem quietinha, prestando atenção na moça divertida dos números. Desta vez, falei para o Luciano:
- Acho que somos a Turma do Balão Trágico!
Era incrível. Ela parecia uma mistura de Noviça Rebelde com um tempero de mãe compreensiva e menina colega; talvez uma personagem do teatro das calculadoras encantadas. Tudo junto. Terminada a primeira aula, lá fora trocávamos idéias e impressões e a Zaia foi muito feliz quando obtemperou:
- Diga o que quiser, mas que todo mundo ficou prestando a atenção o tempo todo, ficou! Ela conseguiu o que queria.
Na segunda aula, percebemos que já havíamos crescido um pouco mais (pior, ela deixava isso muito claro) e já ousava dizer de números um pouco mais complicadinhos, segundo nossa concepção. Em cada resposta, o cuidado de um sorriso que acolhe. O bom humor e uma inteligência afiadíssima, pouco a pouco nos conquistando naquele jeitinho de conduzir sua aula. Agora, já levando nosso raciocínio para o rumo que quisesse.
E nos ensinou que o monstro dos números não era tão feio e forte como parecia em nossos piores pesadelos. Embalou nossas aulas, tirando o medo dos juros acumulados e agiotas papões.
Fez, com um carisma de poucos, nos sentirmos seguros numa viagem, agora, com números mais vivos, mais coloridos - menos ameaçadores. Conseguiu que muitos dessem o dedinho com a matemática, para tentar fazer as pazes.
No esforço de se fazer entender, de querer ensinar bem, não mostrou-se a "star" dos números, mais parecendo, por vezes, aquelas mocinhas estudiosas e sonhadoras das periferias. Mostrou-se uma professora simples, cujo maior objetivo é o de conquistar seus alunos e fazê-los aprender. Com a graça e a magia das madrinhas legais. O pessoal de todos os polos e idades sabe muito bem que estamos falando de alguém que faz números parecerem playgrounds.
Todo aluno é sempre uma alma de criança e ela entende e lida com isso muito bem. Uma das melhores professoras que conheci.
Parabéns, 'fessora Ivonete! Não fosse Campo Grande tão longe, te entregaria uma maçã bem vermelhinha. Cuidadosamente lustrada!
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texto: paulo moreira
imagem: olhares.com - portugal