domingo, 21 de fevereiro de 2010

Bem-vindos ao novo semestre!

Alguns devem estar estranhando o quão pouco temos publicado sobre a Universidade em si, seus problemas, seus pontos altos e coisas que nos dizem respeito mais de perto. Reconheço que, ultimamente, pouco temos falado a respeito da nossa faculdade e que devemos a quem nos acompanha, pelo menos uma satisfação. Mas, antes de tudo, gostaria de fazer alguns agradecimentos a certos profissionais que deixaram suas marcas para todos nós no ano que passou. Segue por matéria:
Contabilidade de Custos: Nossos agradecimentos pela prova, minuciosamente elaborada a partir de questões de um provão, o qual publicamos no blog e, que por uma dessas infelicidades do destino, era uma questão cancelada. Prejudicou as notas e muita gente dos polos. O professor, apesar de questionado diversas vezes (ao menos, pelo Polo Araras) não se manifestou a respeito.

Sobre essa ilustre figura, nada dissemos a respeito na época, até por saber que, num inesperado gesto de reconhecimento de sua própría acefalia, poderia prejudicar todos aqueles que conseguiram ser aprovados, apesar dele. Parabéns, Sr. Carlos Neder, pelo seu caráter. Só que, para quem tem algum senso, Carlos Never!

Língua Portuguesa: A professora, na mesma semana em que assistiu a uma palestra do querido Professor Pasquale e da qual deve ter perdido trechos importantes, talvez inebriada pelo charme do homi, afirmou categoricamente que a expressão "A gente somos inútil" está gramaticalmente correta. Alertada e questionada sobre a possibilidade da licenciosidade poética do autor da letra da música, sequer deu ouvidos. Fechou a questão com uma pérola:

- Em português, gramaticalmente tudo é possível!

Obrigado, mestra! Você foi xou! E a gente estamos agradessidos. Ou como diria Roger Waters:

- We don't need no education.

Polo Araras - Um oficial paraquedista da Guarda Municipal, tenta carreira como professor local e também nos ensinar que matemática e curso de administração nada têm a ver. Convenceu-nos, após ensinar que "x" é um número secreto, cujo criador é um sujeito que sabe qual o seu valor e que, por essa razão, fica fácil para ele (o criador do x) saber quem é x. Realmente, Administração, Matemática e Ele, são como rock, valsa e axé - definitivamente não combinam. Provou por A + B (parece mentira estar escrevendo isso, mas é a mais pura verdade) que o dobro é exatamente o inverso da metade e que o vice-versa disso é verdadeiro. Não dá para perdoar ter chamado a todos de débeis mentais. Houve momentos em que não dava para saber se era faculdade de administração ou Jardim I. Pelo menos, nos ensinou (reclamando do salário) que ser professor de faculdade rende menos que ser segurança pessoal de presidente de empresa do ramo alimentício.

Graças a Deus, não teve como melhorar o soldo do soldado desconhecido da educação. Ele, por sua vez, trocou o giz por um 38. Sorte nossa!

No entanto, preferimos Administração com Sonho de Valsa, que Tae-kwon-do com Sustagen.

Não se trata de ficarmos rastreando falhas de profissionais ou entidades. Trata-se de deixar claro que num ambiente acadêmico, não cabem presunçosos ou "seachantes" que, irresponsavelmente, acreditam-se acima de dar uma explicação sobre suas mazelas.

Na época, só cabia calar. Para evitar as retaliações das quais fomos alvo de ameaças. Passarinho que come pedra, conhece o fiofó que possui.

Resumindo: o pior já passou, esperamos. Assim como esperamos que em todos os Polos, os professores locais estejam sempre sintonizados com o ideal de bem cumprir suas missões. Na interativa, da mesma forma. Competentes e humanos.

Como li em algum lugar:

- O silêncio é uma prece.

Tem hora, entretanto, que é bom soltar uns uivos - que é para as raposas ficarem espertas.

O blog continua enviando modelos de portfólios a quem solicita e outros esclarecimentos e informações, quando houver. Se precisar, envie-nos um e-mail. Só não solicite resolução de exercícios e provas, nem portfólios pré-fabricados. Isso cabe a cada um de nós fazer - além de trazer o verdadeiro conhecimento, evita ameaças e outras tolices.

Sejam todos bem-vindos ao novo semestre!


texto: paulo moreira

imagem: silvia afonso - olhares.com. portugal

Encaixotando nós dois

Não sei por onde começar. Minhas mãos vacilam e sinto medo de imaginar tantas coisas fechadas nessas caixas.
Arrepia-me a idéia de carícias tomadas pelas teias de aranha. Não consigo imaginar a primeira vez ou o primeiro beijo cobertos de pó. Talvez nossos sorrisos se desmanchem na escuridão do sótão e sentirei falta dos filhos imaginários que não tivemos. Dos dois. Vou sabê-los jogados entre lembranças de conversa na cozinha e isso vai me fazer sofrer ainda mais que tê-los perdido.
Como suas roupas íntimas ficavam lindas, jogadas por nem sei onde. Uma foto minha, me arrastando silencioso feito um guerrilheiro no quintal, para não ser pego pelo inimigo. Empurrar portas emperradas sem produzir som, trouxe sensibilidade. Você rainha, no topo da escada, concedendo-me seu sorriso real, talvez o melhor quadro.
Dobrar as ruas cobertas de sonhos da sua cidade junto com a boca suja de sorvete – não vai ser fácil. O batom sendo passado antes de cada ritual de conversas sem fim. Uma blusa verde e alguma coisa estranha nos pulsos. Dois sentados numa namoradeira de pernas pra cima, assistindo o céu fazer promessas que nunca cumpre. As horas de almoço que quero matar tal qual uma roseira. Os quadros que não penduramos e a ânsia de saber o sabor do pão que fiz – também precisam ser guardados.
Junto aos drinks de frutas em pó, o som desse sino de vento, enlouquece. Nossa horta que não fizemos, ficou feia e cheia de matos. No pomar, colhíamos perfumes – entre mangas, acerolas e jacas. A espera angustiante de te ver entrar pela porta do quarto, seguida de uma alegria de criança feliz.
Parar de ouvir nossos uivos lascivos pela madrugada, talvez me alivie. As juras que, enquanto viver, vou negar – devem ficar bem amarradas, com as listas de erros. Vou colar nossa foto fora da caixa. Pode ser que alguém curioso, venha a este sótão. E fique sem entender, definitivamente, porque tantas coisas bonitas foram guardadas aqui.
Daqui algum tempo, talvez sinta vontade de abrir tudo isso, e me detenha ao ver nossos rostos roídos por traças e ratos.
Mas, meu desejo é não por minhas mãos novamente nessas caixas. Nunca mais.
texto: paulo moreira
imagem: photoforum.com - rússia

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Fred Mercuryo & Felyn@ Cross

Após 19 horas e 56 minutos de viagem da cidade mais próxima, Fredemax Moreyra do Couto desembarcou na plataforma 1 - uma faixa amarela em frente ao Empório e Loja de R$1,99 Souto Mayor - da rodoviária da progressista cidade de Vitória das Antas; divisa entre os Estados do Amapá e de Desespero.
Roupas grudadas no corpo pelo suor e poeira, exibia no cabelo oleoso, um singelo pega-rapaz estilo superman, enquanto seus olhos apaixonados procuravam atentos por Felícia Eulina Cruz do Souto Mayor, ou melhor, Felyn@ - que era seu jeito carinhoso de tratá-la.
Conheceu Felyn@ numa sala de bate-papo (Idades - 40 a 50) do Terra, uma semana após ter ganhado um computador – um tal de XP - na segunda parcela de um consórcio de 48 meses . Sem dúvida, após 20 anos do final do casamento e perda do último emprego, a sorte parecia sorrir finalmente. Agora, mais do que nunca, tinha certeza que uma inteligente frase criada por ela, continha uma profunda verdade, assim como quase todas as frases ditas num chat:
“Nada acontece ao acaso!”
No decorrer da viagem, cada frase trocada com a amada desde o início, ia passando por sua cabeça.
Fred Mercuryo: Boa noite para a gata mais linda da sala. Vamos tc?
Felyn@ Cross: Vc nem me conhece para saber se sou gata. Sou felina. Uma loba que não ta a fim de tc com ninguém...
Fred Mercuryo: rssss... uai, então o que vc ta fazendo aqui? Só uma coisa... loba é felina? Tem certeza?
Felyn@ Cross: to só lendo a sala... Na faculdade, todos gostam de ler. Loba deve ser felina sim... canina naum, naum sou caxorra... Nem ovina... se é que quer me chamar de galinha...
Fred Mercuryo: ???
Felyn@ Cross: Se fosse peixina, meu nick seria Sereya, e não pyranha, que nem vc ta insinuando... Sei lá, vc ta me confundindo e vamos parar por aqui... homem é tudo igual... conheço essa história... daqui a pouco vai querer me ver pelada na cam
Fred Mercuryo: ei... não vamos brigar... nem falei nada... Fica assim: Loba é do grupo dos mamógrafos... ou mamígrafos... isso... vc é uma loba mimeógrafa...rssssssss
Felyn@ Cross: mamíferos, tonho. Olha, dá um tempo, to ocupada aqui no reservado...
Fred: (15 minutos lendo mensagens dos outros, com a certeza que aquela loba-felina-mamífera não era para o seu bico)
Felyn@: ei... vc ta aí? Ou ta arrepiando as moças no reservado...? kkkkkkkkkkkkkkk
Fred: to sozinho...
Felyn@: ô dóóóóóóó
Fred: é sério, sou novo aqui...
Felyn@: sei... rsssss
Fred: ...tudo bem, vc não acredita... vou sair... xau
Felyn@: ei, lindinho... pera. Eu tava brincando... acredito em vc.
Fred: entrei na net essa semana... só aprendi o geito de tc pq fiquei obs... axo que estou craque...
Felyn@: desculpa, viu? Fui durona com vc, mas aqui é assim. Os homens entram na sala sempre com a mesma conversinha... Qual o seu nome? (e vão achando coincidências em tudo...) Trabalha em quê? De onde vc tc? Casada ou largada? Tem filhos? Qual é a sua idade? O que vc faz na faculdade? Vamos pro reservado? Sempre a mesma coisa. Essa gente parece que num tem a menor criatividade... Depois, vc sabe o que querem que role, né?
Fred: ...vi muito disso esses dias...
Felyn@: ...num esquenta... com as mulheres é a mesma coisa... tudo falsa. Se vc arruma alguém, ou percebem que vc ta numa boa, vem sempre uma anônima te chingar na sala...
Fred: xingam, mesmo...?????????
Felyn@: kkkkkkkkkk gostei da sutileza.... chingam com CH que é pra ofender mesmo... (eu tava brincando... rsss)
Fred: ... nem sei o que dizer...
Felyn@: Diga geito com "gê" de jarra.... kkkkkkkkkkk Truco!!!!!!!!!
Fred: Vingativa
Felyn@: ...qualquer coisa que vc disser eu vou gostar Fredinho...
Fred: .... ah... num me chama de Fredinho não. Dá a impressão que tudo em mim é pequeno....
Felyn@: ... rssssssss... bobinho... sei que seu coração é grande...
Fred: é....?
Felyn@: é
Fred: Posso te perguntar uma coisa? Qual é o seu nome?
Felyn@: o verdadeiro?
Fred: vamos combinar uma coisa? A gente nunca vai mentir um pro outro, ta? A mentira tem pernas cheias de varizes.
Felyn@: Felícia Eulina. Combinado
Fred: Eu devia ter adivinhado. Putz... que criatividade... FE....e LINA. Genial... Sobrenome estranho... COMBINADO. Num é Colombini? Tenho um amigo chamado Colombini. Ele tem nome de loja de guarda-roupa e guarda-comida... É Combinado mesmo?
Felyn@: Combinado que nunca vamos mentir, bocó! o Y vem do charme do meu sobrenome “Mayor”. O “Cross”... é Cruz em inglês. Percebeu a sutileza? E o significado de felina é pelos motivos óbvios. grrrrrrrrrrrrrrrrrr
Fred: Que coincidência... eu sou Moreyra com ypissilone tb... Fredemax Moreyra do Couto. Parece nome de general do exército, num parece? E vc, Mayor... Mayor gata... rsss
Felyn@: ...num fala assim que eu paxono... rssssss (toda corada aqui...) e pq Fred Mercuryo?
Fred: É que eu era balconista de uma farmácia. Sempre gostei de aliviar a dor dos outros, embora nem todos gostem de aliviar as minhas. Minha mulher fugiu com o dono da farmácia, axo que pelo dinheiro. Ele me demitiu, vendeu a farmácia e levou a Úrsula Cristina, minha mulher, deixando um bilhete dizendo que desde que a viu pela primeira vez, soube que eram feitos um pro outro. Ela havia ido lá duas vezes pra tomar injeção... imagine...
Felyn@: Amor à primeira nádega... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk E ela fez papel de amiga úrsula mesmo.... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. A Ursa tava com o mel... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Fred: Pô, num faz assim... eu sofro até hoje com isso. Enquanto eu contava, molhei todo o meu teclado e vc rindo de mim...
Felyn@: desculpa gatinho... é que sou uma pessoa muito divertida... principalmente depois de uns 20 minutos da fluoxetina... num fica triste naum... Sempre que algo ruim me acontece, penso comigo: Nada acontece ao acaso. Veja... se não fosse isso, não estaríamos aqui. Agora... esquece o farmacêutico e aquela vagatriz... e fala o resto enquanto eu vou fazer xixi... pera...
Fred: o que é vagatriz?
Felyn@: uma mistura de vagabunda com meretriz..... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, hoje eu to hilária... vixi... fiz xixi na roupa de tanto rir... por sua causa... peraaaaaaaaaaaaaaaa
Fred: ...daqui pra frente só respondo por monossímbolos... vc ta mangando comigo...
Felyn@: continua... prometo ficar monossimbólica tb nas respostas... rsss
Fred: ... continuando... fiquei tão desorientado, que peguei uns calmantes vencidos que havia levado da farmácia, na hipótica de precisar me suicidar com emergência, e tomei uns 30 comprimidos de Valium 5.
Felyn@: E funcionou?
Fred: FUNCIONOU, ANTA. VC TÁ CONVERSANDO COM MEU COVER...O COVER QUE ME ENTERROU... ORA, TEM DÓ. Lógico que, o remédio vencido devia ser um Valium Zero. Ou Valinada.
Felyn@: ÔÔÔ... outra coincidência... eu moro em Vitória das Antas (A cidade verde)
Fred: Fica em Marte? Kkkkkkkkkkkkkkk .... ou é pq num falta alimento? Kkkkkkkkkkkk... não pude deixar de pensar no Fred Mercury... We are the champions, my friends... Isso, na sua cidade, deve ser hino.... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Felyn@:... Não entendi o que tem a ver "we are the champions" com Vitória das Antas... fica no Amapá... mas, e daí?
Fred: Daí que fui prum bar, tomei duas garrafas de caninha da roça e acordei no pronto- socorro, depois que uma Kombi véia me atropelou...
Felyn@: prometi não rir mas, depois de tudo isso, ser atropelado por uma Kombi véia...
Fred: ...é muito humilhante ser atropelado por uma Kombi véia... é ridículo, mas pode rir à vontade...
Felyn@: menino... eu to toda mijada.... a barriga dói... nunca ri tanto. mas, prometo ser discreta... rss
Fred: Seguindo... foi quando pensei uma coisa, não com as mesmas palavras que vc, pq a frase é sua, mas.... NADA ACONTECE AO ACASO...
Felyn@: ... fui feliz quando criei essa frase... concordo...
Fred: Descobri que poderia sim, curar as pessoas dos males do corpo, da alma; curar os males de corações feridos, tal qual o meu. A partir de então, já que fiquei todo quebrado e não arrumo emprego, exerço a digna profissão de Benzedor...
Felyn@: Uiaaaaaaaa... que lindinho. Sabe, enquanto vc contava, meus olhos se encheram de lágrimas. Me emocionei... inundei tudo aqui... Sua história é muito comovente.
Fred: Fico feliz por terem sido lágrimas desta vez...
Felyn@: São lágrimas mesmo. Nunca vi ninguém fazer xixi pelos olhos. E nem lágrima amarela...
Fred: Eu tb não... Já... sobre chorar... kkkkkkkkkkkkk ... desculpe...
Felyn@: mas, me diz: vc cura o que?
Fred: Mau olhado, quebrante, inveja eu sei cortar, cobreiro, criança com bicha, micose de contato, micose de praia, micose psicológica, micose de unha...
Felyn@: Criança é fácil curar... é só afastar das más companhias. Mas vc é doutor em micose, heim?
Fred: Tempos modernos. Tenho 114 mantras só pra micoses.
Felyn@: Mantra? Tem mantra pra lombriga?
Fred: Em tempos de globalização, benzeção é coisa do passado. Mantra é melhor e melhora o rendimento.
Felyn@: Vc cobra pra benzer?
Fred: Não... imagina... Digo que, se a pessoa puder, quiser e sentir-se bem em colaborar com, pelo menos dois reais, seria bom para a manutenção das velas.
Felyn@: Então ganha muito...
Fred: Nada... conjugar as coisas é difícil... os que podem não se sentem bem ou não querem. Os que querem não podem.... e assim vai indo... Os que acabam colaborando, invariavelmente vão pela opção “pelo menos dois reais”...
Felyn@: Nossa... ficar livre de uma coceira na virilha, por apenas dois reais é muito pouco. Certamente, pagaria muito mais para me ver livre da minha...
Fred: Qto acha que vale?
Felyn@: Uns cinco...
Fred: Só?
Felyn@: Uiaaaaaaaa.... é mais que o dobro...
Fred: Tem razão... tem semana que não ganho isso...
Felyn@: Gosto da sua sinceridade...
Fred: Sou pobre, mas sou limpinho... kkkkkkkkkkkkkkkkk Adoro essa piada... conhece?
Felyn@: pera que vou tomar café e acender o cigarro...
Fred: Sei que vai achar chato, mas quero te fazer umas perguntas...
Felyn@: Já sei... aquelas do cadastro.... rssssss
Fred: Trabalha em que?
Felyn@: Prendas do lar
Fred: De onde vc tc?
Felyn@: Vitória das Antas, já falei... rsss
Fred: Casada ou largada?
Felyn@: Larguei. O meu e o dele era o mesmo outro.
Fred: Filhos?
Felyn@: Uma menina
Fred: Idade
Felyn@: 35
Fred: O que fazia na faculdade?
Felyn@: Contabilidade. Valeram esses anos... Ano passado consegui, enfim, me ver livre...
Fred: Por que está na sala dos 40-50? Por que não a dos 30-40?
Felyn@: Gosto de homens nessa faixa etária
Fred: Homens?
Felyn@: rssssssssss...Procurava um homem... quis dizer... somebody to love... acho que achei.... rsssss (corada aqui.....)
Fred: Tb acho que achou... (corado tb.... sou tímido... rsssssss) a tradução disso não é: "algum bode para amar", é?
Felyn@: Fred.... alguém para amar... além do possível...
Fred: Fe... amar além...
Felyn@: Vamos tc no reservado? É melhor... aqui tem muita inveja...
Fred: (reservado – o que se fala no reservado não se publica)
Felyn@: (reservado – o que se fala no reservado não se publica)
Fred: (reservado com elevação de temperatura e coisas que não se publicam)
Felyn@: (reservado com elevação de temperatura e coisas que não se publicam)
Fred: (reservado pegando fogo... com coisas que não se publicam)
Felyn@: (reservado em chamas tb... com coisas que tb não se publicam)
Fred: aperta uma tecla errada e tira a conversa do reservado, sem perceber
Felyn@: (reservado em pleno incêndio e gritos desesperados)
Fred: ... AGORA, MINHA CADELINHAAAAAAAAAA... SEPARE AS COXAS...
Felyn@: na confusão do incêndio também aperta a tecla errada
Fred: ...aaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Felyn@: OHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH FRED... POE TUDO
Fred: (de volta no reservado: xiiiiii. Deu zica, anjo. 38 pessoas acabam de ler o nosso orgasmo...)
Felyna: (de volta no reservado: Vixi... Voou espermatozóide pela sala, Fred...)
Fred: (O que a gente faz?)
Felyna: (Eu é que vou saber, Jumento Idiota....??????????????????????? Sei lá... disfarça...)...
(pausa tétrica, 2 minutos seculares)
Voltando à sala normalmente....
Fred: COMO ESTAVA TE CONTANDO... A LAIKA, MINHA CADELA É ENSINADA. (desculpe, coloquei no maiúscula sem querer) ela separa as cestinhas com os lençóis, fronhas, COLXAS... precisa ver que gracinha
Felyna: Vc fala dela com um carinho... faz até poemas pra ela... é lindo... vc é um poetudo.
Fred: Sou POÉTICO, anjo... deixa de fazer brincadeiras com a minha sensibilidade...
Felyna: O papo está tão bom, novo amiguinho. Obrigada pela sua gentileza, pelo respeito... me passe seu Messenger que qualquer dia eu te adiciono, mas agora, preciso ir para os braços de Orfeu...
Fred: Não é Morfeu????????
Felyna: Sei lá, to tão sem rumo hoje kkkkkkkkkkkkkkkk Dormir com o Orfeu ou o Morfeu tanto faz, vou dormir mesmo sozinha, como sempre....kkkkkkkkkkkkkkkk Os homens da mitologia só dormem com deusas. Nossa, três da manhã e eu continuo hilária.... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Fred: Então, minha deusa, vejo que poderemos ser bons amigos. Beijussssssss
Já no Messenger:
Fred: E aí, vc acha que colou?
Felyna: Menino, vc é inteligentíssimo. Tem gente na sala que vai querer comprar sua cadela ensinada... rssss
Fred: Sei não. Nem eu acreditei em mim...
Felyna: Nem podia, né? O chato é agüentar a falacão maldosa... perguntarem se vc tecla com 3 mãos, essas coisas... Uma coisa, ao menos, tenho certeza: todos conhecem a LAIKA... e vários lamentaram não serem burros o suficiente pra confundir poetudo com poético rsssssssssssssssssssssssssss
Fred: Fe... vc acredita em amor à primeira teclada?
Felyna: Mais que ninguém, Fred... Uma coisinha.... foi tão bom...
Fred: Vem cá... abraça eu. Essa da foto é vc?
Felyna: Sim amor. Mas, não é uma foto atual. Sinto-me hoje, mais bonita... Mais plena. Pena que não tenho cam pra te enviar um sorriso...
Fred: Vejo o sorriso pela alma, fique tranqüila. Vc está sorrindo dentro de mim, do meu coração.
Dois anos se passaram. E Felyna entregou-se de corpo virtual e alma real a esse homem. Dele, pouco perguntava; apenas lhe dedicava todo carinho que podia. Por sua vez, ele crescia a cada conversa, em cada momento junto. Sonhava com o momento de tê-la nos braços.
Muitos cães adestrados, muitos poetas revelados e o pessoal da sala de bate-papo já tinha até planejamento de madrinhas, padrinhos, manual de lua de mel em CD, preparos para a caravana com um ônibus pintado “NICK-NÚPCIAS” na lateral todinha (criatividade de pessoal de sala é feito dízima periódica – tão sem fim, que chega a irritar), uma “Caravan” dourada que transportaria 8 com fobia de ônibus, tesoureira administradora de fundos para churrasco, migas, migos. Até sacerdotisa da Sem-Sono-Oiê (lançamento da turma espiritualista da madrugada) para realizar o enlace. Tudo virtual, claro!
E agora, o coração de Fred pulsava mais forte. Em alguns minutos, estaria junto de sua Felyna amada. Quinze minutos e nada. E ele ali plantado ao lado de duas malas cheias mais de mantras que de roupas e uma caixa com o computador do milhão. O PC, em dois anos, dera mais de um milhão de problemas, mas continuava firme e forte. Aquela camisa com desenhos de coqueiros do Havaí, estava insuportável. Tanto quanto a vontade de fazer xixi, mas o pessoal do empório cobrava R$0,50 pelo empréstimo da chave do banheiro. Como ele só possuía uma nota de R$50,00 obteve da balconista uma resposta extremamente simples:
- Não temos troco, senhor, mas não precisamos discutir por isso. Continuo com minha chave e o senhor continua com seu xixi.
Sentiu vontade de dar uma gargalhada na cara dela, porém, se o fizesse, repetiria uma cena que já lhe havia marcado muito. Vê uma senhora aproximar-se e vai ao seu encontro:
- Senhora, por favor, estou procurando por uma mulher de, aproximadamente 37 anos, morena, cabelos curtinhos, com uma filha adolescente ou talvez até criança... Seu nome é Felícia Eulina Cruz...
- O que? O que você leu na cruz? Deve ter sido INRI... desculpe, sou meio surdinha.
Falou o mais alto que pode:
- FELÍCIA EULINA CRUZ
- Fred, é você, meu amor?
Quando voltou a si, estava num quarto com móveis antigos, janelas abertas. Aquela senhora não tinha nada de feia, não. Ao contrário; parecia ter uma indefinível luz. Olhou e a viu sentada diante de um PC, bem sorridente. Pensou haver enlouquecido.
- Oi, amor, acordou? Fiquei preocupada, mas acho que é o cansaço da viagem. Fiquei ao seu lado esses dois dias. Puro carinho. Nossa, você é lindo mesmo... Só está cheirando mal, porque deve ter rido tanto quanto eu quando te conheci. Não consegui te levantar para dar banho, mas isso se resolve, amor. Nada acontece ao acaso, lembra?
- Amor uma pinóia. Charlatona, Vagatriz, Mentirosa... Você me enganou por dois anos. Estelionatária sentimental. Bem que me disseram que na net não tem nada que seja verdadeiro. Se para amor houvesse PROCON, te acusaria de propaganda enganosa. VELHA SURDA E ABSURDA! Quero sumir daqui. Meu Deus! Comprei um Ford Galaxie com 30 anos de atraso!
A Felyn@ em lágrimas:
- Escuta, não me trate assim. Não sou uma mercadoria da qual possa fazer propaganda enganosa. Jamais menti para você. Sempre lhe dei o melhor do meu amor e pouco de ti perguntei. Apenas passei a te amar ainda mais, por amar-me em razão da minha essência de ser humano. De mulher.
- Você é louca? Lembro de tudo que te perguntei direitinho, linha por linha do que perguntei. Você disse ter 35 anos.
- Também lembro de cada linha. Eu disse a idade da minha filha. Perguntou-me se tinha filhos, respondi que tinha uma menina. Então você perguntou a idade. Na época, ela tinha 35 anos. Não menti. A propósito, isso nunca me importou, pois sequer sei a sua idade. Não ocorreu-me perguntar.
- Basta ver seu cinismo ao chamar uma mulher de 35 anos de menina.
- Não sou cínica, sou mãe. Se viva eu for quando ela tiver 70 anos, continuará sendo a minha menina.
Ao olhar para seus olhos, percebia a serenidade de suas verdades. Inquietou-se, mas prosseguiu. Ela o houvera enganado, sim. Saberia achar suas contradições.
- E a faculdade? Contabilidade, anos nela e depois livrou-se, formando-se, é claro.
- Não, criança. Trabalhava no departamento de contabilidade da faculdade, onde fiquei por mais de 30 anos e depois de tanto tempo, justo seria aposentar-me, não acha? Lembra-se mesmo de cada linha escrita?
- E quando fizemos amor? Aposto que fingiu.
- Não importa o que pensa disso. Mas, agradeço cada momento de sua vida que me entregou. Cada momento de amor, me eternizou. Não supõe o quanto me fez feliz em cada carinho. Obrigada, Fred. Quer saber minha idade?
- Não. Não me interessa saber. Quero apenas que me perdoe. Quer saber a minha?
- Já sei. Você tem a idade dos meus sonhos. O tempo do meu ser. Isso me basta.
Fred estava atônito, mas, desta vez, não encolheu o cenho quando a mão de Felyna passou por seu rosto e pelos seus cabelos. Sentiu paz. Percebeu que a amava desde sempre. O beijo parece ter durado uns dois dias.
- Sabe, Fe... aquilo de benzedor foi mentira minha.
- Eu sei. Queria dizer outra coisa: Pode partir, se quiser.
- E, se quiser ficar?
- Eu seria muito feliz. Como sempre digo: Nada acontece ao acaso.
- Essa sua frase é linda.
- Claro que não é minha, bocó...
- Fe... Você mentiu pra mim...
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texto: paulo moreira
imagem: internet

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Hora de voltar

imagem: internet