Saudade é quando a gente percebe que falta alguém nas cadeiras do nosso coração. É um vazio que toma conta de nós, sem que a gente queira. São pessoas que invadiram as salas e o espaço do nosso ser, sem que nos déssemos conta e que agora sentimos falta.
Saudade é vontade ouvir aquelas vozes misturadas num coral maluco de quem ao mesmo tempo em que busca algo, encontra alguéns. Muitos alguéns importantes.
É quando os olhos marejam os sentimentos que não imaginamos. Um sublime carinho que construímos sem perceber e que agora causa esse vazio inexplicável. Falta das discussões dos mauricinhos e patricinhas da primeira fila com os bagunceiros do fundão, passando pela política malandra dos nem lá nem cá. É essa sensação infantil de quem sente falta do amiguinho, mesmo que seja para brigar com ele. Doces brigas.
É saber que a presença e o jeitinho de cada um faz uma falta infinita. Que até os calados dizem muito em seu silêncio e que os tagarelas sempre vão além do que deveriam. Mas, todos são necessários.
Saudade é aprender a administrar negócios e não saber administrar sentimentos; até pela consciência de que isso é que faz bem. É a ânsia dos dias que virão e, junto deles, tanta gente querida. Todos juntos somos como um molho. Não há como separar um tempero depois de feito. E cada um de nós somos uma fraçãozinha desse delicioso tempero. Cada um faz falta em nós; em nosso mundo. Cada palavrinha trocada numa chegada ou intervalo.
Saudade é descobrir que somos capazes de amar além do que supúnhamos. É esperar ver cada pessoa e sua magia passar novamente por aquelas portas - apressada, sem cumprimentar ninguém - num probleminha passageiro e depois se aprochegar serena, com a doçura de sempre. A certeza do nosso sorriso de boas vindas e compreensão, próprio de quem conhece cada momento assim.
Saudade é olhar essas cadeiras vazias e as lágrimas virem mansinhas, num sentimento que nos foge ao domínio. Nós mudamos sem notar. Queremos rever o olhar e sentir a presença de cada um novamente
Felizes do nosso coração ter aquelas cadeiras desarrumadas outra vez e a alma feito uma sala bagunçada:
Cheinha de gente que amamos demais!